quarta-feira, 7 de junho de 2017

O que muda (ou não) com a retirada dos EUA do Acordo de Paris?

Em pleno mês que se comemora o meio ambiente, o presidente cujo maior feito na história foi dizer que o aquecimento global é invenção dos chineses veio à público fazer jus sobre a errada escolha do personagem da Disney para seu nome e retirou os EUA do Acordo de Paris

Esta decisão, aliás, nos remete a recusa da assinatura do Protocolo de Kyoto nos anos 90, cuja justificativa foi baseada num motivo tão estapafúrdio quanto o tal, mas com consequências bem semelhantes.  

Um dos tratados climáticos mais importantes acerca do clima, se não o maior, pode sofrer algumas consequência caso a retirada dos EUA se concretize. 

Contudo a retirada do país pode não ocorrer. O acordo foi assinado no ano passado e, de acordo com o documento, os países podem requerer suas saídas apenas 3 anos após do acordo assinado, o que nos leva a 2019. Ainda assim, uma comissão analisará o pedido dentro do prazo de 1 ano, o que nos leva a 2020; ano de uma nova eleição dos EUA. 

Caso o atual presidente seja reeleito (o que esperamos que não aconteça) os EUA podem sim sair do acordo. Agora, caso um de seus opositores na corrida pela Casa Branca seja simpático a permanência do país no acordo, a ONU pode embarreirar a decisão e alegar o desfecho da eleição presidencial para ir adiante com o processo. 

Mas se os EUA só podem ou não sair do acordo em 2020, por que tanto alarmismo?

Embora o atual presidente esteja preso a acordos assinados por seu antecessor, ele pode tomar medidas que afetam o acordo de imediato. 

Uma delas é não continuar a contribuir com o Fundo Verde, criado para inserir ações que possam reduzir a emissão de gases estufa pelo mundo. Obama tinha prometido a quantia de 3 bilhões, dos quais um já foi pago pelo próprio enquanto presidente. Já o atual presidente já declarou não ceder mais um centavo para esta "farsa inventada pelos chineses". 

Além disso, o Acordo de Paris possui metas individuais e voluntárias sobre as medidas a serem tomadas para redução dos gases estufa. Isso implica na não obrigatoriedade de cada país em atingir as metas que estipulou ou mesmo de segui-las. 

Com isso, o fundo é prejudicado de forma latente pelos EUA, levando a ONU em dois caminhos: ou a aumentar a arrecadação dos outros países ou a simplesmente reduzir a meta para o fundo. Por conseguinte a não obrigatoriedade de se cumprir a meta estabelecida pelo próprio país pode causar mal-estar entre os outros membros do acordo que podem ver seus esforços como infrutíferos diante da posição tomada pelo presidente norte-americano. 

Contudo, apenas poucos dias após o anúncio do presidente, diversos estados norte-americanos, juntamente com empresários e parte da sociedade americana, já estão se mexendo para firmarem acordos climáticos que procurem ao menos tentar preencher a lacuna deixada pelos EUA.  

A iniciativa procura desenvolver conhecimento através de pesquisas científicas com o objetivo de criar formas de redução da emissão dos gases estufa que possam ser difundidas pelo Planeta. Tal iniciativa já ganhou a adesão rápida de diversos governos, empresas e da sociedade; e promete, ao menos no papel, ser um esforço considerável para cobrir a defasagem deixada pelo presidente dos EUA. 

Esperamos que medidas como essas se multipliquem cada vez mais pelos EUA e pelo mundo, bem como que cada vez mais países se engajem em assinar o acordo para que todos, juntos, possamos fazer o nosso papel para um mundo melhor para nós e nossas gerações. 

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