quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Escócia: entre o "sim" e o "não" de sua independência.

Hoje será votado um referendo na Escócia para saber se o país se torna independente ou não do Reino Unido. Diante disso uma campanha foi feita pelos defensores de ambos os lados para que a população escolha hoje a decisão para o seu país. 

Claro que, caso ocorra, essa independência pode gerar uma série de mudanças que vão desde a alteração da bandeira do Reino Unido até a entrada do novo país na União Europeia, isso concomitantemente atravessando questões políticas e econômicas do novo país. 

No caso do sim, várias mudanças poderiam ocorrer, dentre elas podemos citar a mudança na bandeira do Reino Unido. Essa mudança ocorreria pois a bandeira do referido país nada mais é do que a sobreposição das bandeiras dos países que a compõem. Sendo assim a bandeira teria que sofrer uma alteração. Já a bandeira escocesa poderia ou não ser reformulada. 

Quanto a Rainha, segundo as diretrizes dos partidários da independência, ela continuará sendo chefe de Estado do país (assim como é da Austrália e do Canadá, por exemplo). O que significa que ela é apenas uma figura representativa da nação, já que a Escócia, neste caso, passará a ter seu próprio parlamento e não seria mais limitado pelo britânico.

Já a moeda é outro ponto de mudança visto que alguns caminhos podem se desenhar: a Escócia pode continuar a usar a Libra, mas nesse caso o governo inglês já mandou avisar que não vai considerar as necessidades escocesas na sua política monetária; outra via seria a criação de uma moeda própria escocesa, mas o problema é o tempo que isso levaria, principalmente envolvendo a criação de um banco central. E, por último, sobraria a adoção ao Euro, mas isso só seria possível depois da Escócia ser admitida na União Europeia já que quem faz parte do grupo é o Reino Unido e se a Escócia deixa de fazer parte do Reino Unido, automaticamente deixa de fazer parte da União Europeia. 

Falando no bloco, a Escócia também teria que pedir seu ingresso na União Europeia, o que teria que ser aceito por todos os 28 membros do bloco. E é exatamente aí que reside o obstáculo para a entrada da Escócia, caso isso aconteça. Primeiro por causa do próprio Reino Unido que pode votar contra e segundo porque países com questões separatistas dentro do bloco, também podem votar contra pois podem ver esta separação da Escócia como uma forma de incentivo aos grupos separatistas dentro de seus territórios. 

Ainda no campo da política, o assunto fica mais complexo quando falamos das fronteiras entre o Reino Unido e Escócia. Ambos têm políticas que divergem entre si no aspecto imigração. Enquanto o Reino Unido adotou uma política de controle mais rigoroso da chegada de imigrantes, a Escócia converge para uma abertura mais ampla. Isso pode ser um fator decisivo para a fronteira entre os dois países que pode sim ter um controle maior pela parte inglesa; principalmente se a Escócia entrar na UE e assinar o acordo de livre circulação de pessoas. 

Outra questão no que concerne a economia diz respeito exatamente a essa base econômica escocesa que, ao que tudo indica, será pautada no petróleo explorado ao norte do país. O problema disso é que o possível país independente terá sua economia pautada num recurso finito e, se não diversificar rapidamente sua economia, pode enfrentar sérios problemas futuramente. (não estamos abordando isso aqui, mas o mesmo vale pra Venezuela). 

Saindo do campo econômico, entramos agora no campo militar. O novo país precisaria de forças armadas novinhas em folha que teriam que ser montadas "desde o zero"; já que atualmente a Escócia conta com as forças armadas do Reino Unido. Um processo que também demandaria tempo e, apesar de não ter nenhum inimigo ou conflito declarado, poderia deixar o país seriamente vulnerável durante esse tempo. 

Cabe lembrar, nobre leitor, que todas essas questões levantadas estão apenas no campo da suposição, pois tudo depende do resultado do referendo de separação da Escócia do Reino Unido. Até lá só resta esperar e saber se tudo continuará como antes ou se transformações na terra da Rainha irão acontecer... 

Até porque, pelo lado do "não", alguns pontos pesam. Desde a declaração inglesa de que a independência será um divórcio, o que deixa implícito que haverá um rompimento nas relações políticas entre os países, passando pela promessa inglesa de mais poder de decisão no parlamento do Reino Unido para os escoceses, embora não se tenha deixado claro que poderes seriam esses; e indo até ao ceticismo de parte da população escocesa de que o país consiga se "virar sozinho", sem a ajuda do Reino Unido.  

Update: com a vitória do "não" a Escócia permanece fazendo parte do Reino Unido. Claro que isso custou uma certa afrouxada de rédias por parte do parlamento londrino sobre a Escócia... 

Com informações de G1.com, Revista Fórum, EBC, REUTERS e R7.com

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