segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Pré-Sal (Parte 2): Algumas considerações

Descoberto em 2010 pela Petrobrás o campo de Libra, a maior área dentro do Pré-Sal, foi leiloado hoje à um único consórcio que se apresentou, composto por empresas estatais chinesas, a Shell, a Total e a própria Petrobrás. 

O leilão foi visto por alguns como um ponto positivo para o Brasil, mas também foi visto por muitos - incluindo este que vos escreve - como um verdadeiro tiro pé da nossa presidente, lembrando até os velhos tempos de FHC, o qual ela e seu antecessor tanto criticaram... 

Vamos aqui expor os dois pontos de vista... 

Positivo (?) 

A quem diga que o leilão foi uma saída positiva pois a Petrobrás não teria como explorar o campo sozinha e assim o ônus da exploração do mesmo não ficaria só para ela. 

O governo pretendeu com este leilão atrair investimentos a curto prazo, principalmente para as cidades próximas ao campo de Libra, como o Rio de Janeiro, que virão a partir da entrada da concessionária que ganhou o leilão. 

Os interesses do governo foram atendidos com o contrato feito e os nossos direitos foram "resguardados", sendo assim o país não foi de forma alguma lesado... (essa pra mim é a pior delas...)

Negativos (são tantos...)

É claro que nós temos dinheiro para explorar o Pré-Sal sozinhos, ou o governo acha que esquecemos que desde o início do ano ele vem tentado um parceiro para a empreitada do trem-bala brasileiro, assumindo enorme parte dos riscos nos contratos propostos... Se temos dinheiro para isso, como não temos para explorar o Pré-Sal?

Em outro ponto: qual é a pressa que temos em explorar todo o campo de uma só vez? Isso pode ser feito paulatinamente pela Petrobrás, até porque somos um país autossuficiente em petróleo então não temos essa pressa toda em explorá-lo... (O Brasil, pode até ser que não, mas o Tio San, sim! Um país que consome quase 30% do petróleo mundial tem acompanhado descobertas de petróleo não só na América do Sul como na Costa Oeste da África também e isso pode influenciar na geopolítica futuramente, já que as reservas do Oriente Médio estão se esgotando - atualmente em 60% - não à toa que tão logo o Pré-Sal foi anunciado os EUA reativaram a 4ª frota para nos "proteger"... Isso sem contar que uma das "setes irmãs" está na concessão; logo, o jogo de interesses e a "pressão" sobre o governo, se fazem mais do que evidente... A nossa falta de coragem também...)

Se alegam que a Petrobras não tem como explorar sozinha isso é culpa de uma política que obriga a mesma a vender gasolina aqui dentro mais barata do que importa de fora, arcando sozinha com esse prejuízo; não à toa o caixa de Petrobras que era de R$ 70 mi foi reduzido para R$ 7 mi ou menos... 

Geralmente se dá essa permissão - ou se realiza esse leilão - quando não se conhece a área de exploração, o que não é o caso. A Petrobrás sabe as delimitações do campo e quanto ele é capaz de render, aliás, ele sozinho dobraria as reservas de petróleo da empresa. Leiloar um campo conhecido onde as empresas só terão o trabalho e extrair o petróleo e não de fazer as prospecções NUNCA aconteceu antes... Tínhamos que ser os primeiros a começar com isso, pra variar... 

Ao leiloar o campo o governo consegue vantagens a curto prazo, que vão se perdendo ao longo dos anos... As vantagens veiculadas pela presidente da Petrobras, pelo Ministro de Minas e Energia e pela própria presidenta são apenas de curto prazo, pois ao longo dos anos essas vantagens todas começarão a se perder... (Mais ou menos como o caso da venda da Vale do Rio Doce, que foi vendida por um preço tão irrisório que em 6 MESES seus investidores recuperaram todo o capital investido na compra da empresa que hoje é uma das maiores mineradoras do mundo...) Por exemplo, está previsto no contrato que se deve pagar bônus de R$ 15mi à União por parte das empresas vencedoras do consórcio, essa cláusula pode ter sido colocada por mera coincidência de ser exatamente esse o valor que cobre o déficit primário que apresentamos atualmente, mas e depois?... 

Isso sem contar que o leilão foi aprovado com a parcela mínima de entrega do produto à União, um pouco mais do que 40% do petróleo, quando o ideal seria, no mínimo de 60 a 80% visto que é o projeto não oferece risco já que é só explorar... 

Falando em risco o projeto do leilão foi aprovado e realizado em um plano em caso de vazamento ou desastre ambiental, o mesmo ainda está emperrado em votação (vai ver esperando as empresas ganhadoras do leilão reescreverem o projeto, através de seu lobby, à moda que mais lhes interessarem)... 

Não à toa pessoas foram protestar (me atenho somente aos que foram protestar e não vandalizar...) contra esse leilão no local onde o mesmo foi realizado e trabalhadores entraram em greve como forma de protestar contra este duro golpe que estamos sofrendo... 

Um fato curioso em toda essa questão é que estamos fazendo neste ano 40 anos da primeira crise do petróleo em 73 e, pelo visto, parece que ganhamos um presente de grego... 

Ah sim, hoje a nossa presidenta dará um pronunciamento em rede nacional para "explicar o inexplicável"... É ver para não crer!

Com informações de:  Brasil de Fato(1) / Brasil de Fato (2) / Carta Capital / Le Monde Diplomatique / Folha de São Paulo


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