sábado, 10 de setembro de 2011

Bin Laden: a novela que não termina nem quando o principal personagem sai de cena

Desde que ficou "famoso" pelo atentado às torres gêmeas em 11 de Setembro de 2011 e mesmo até depois de sua morte, Bin Laden ainda continua sendo notícia. Ainda mais agora com a proximidade das comemorações dos 10 anos do 11 de Setembro onde, segundo o governo americano, pode acontecer algum atentado tanto em razão dos dez anos como pela morte de Bin Laden no início deste ano. 

Se acontecerá eu não sei, fato é, como mostra a reportagem abaixo, que os sinais antes ignorados pela inteligência americana antes dos 11 de Setembro de que algum ataque extremo seria feito aos EUA, estão, pós 11 de Setembro, tendo a sua devida atenção, chegando a beira da paranóia até. 

Agora é esperar pra ver...

Naquele 11 de setembro de 2001, os norte-americanos viveram uma nova Pearl Harbor e três dos quatro aviões comerciais, lotados de passageiros e empregados nos ataques, viraram mísseis. O plano terrorista foi idealizado pelo ambicioso Khalid Sheikh Mohammed, que teve o apoio do extremista Ramzi Binalshib.
A Osama bin Laden, chefe e fundador em 1988 da organização criminosa denominada Al-Qaeda (nome tomado de um campo afegão de adestramento de combatentes aos invasores soviéticos),coube dar o sinal verde e indicar fontes para a obtenção de recursos financeiros. Competiu-lhe escolher Mohammed Ata para comandar o grupo de 19 camicases.
Os três ataques certeiros às torres do World Trade Center e ao Pentágono, e o Jet que se desintegrou na queda na Pensilvânia e sem alcançar a meta final, provocaram 2.965 mortes de inocentes. Diferentemente do que ocorre com um crime de homicídio comum, os quatro ataques terroristas mostraram que o alvo direto da violência não era a eliminação de seres humanos. O intento de Bin Laden era difundir o medo no Ocidente e mostrar aos islâmicos a capacidade de se poder apagar do mapa os EUA, os “cruzados” europeus e Israel. No particular, significativa a simbologia representada pelos alvos diretos, ou seja, o coração do sistema capitalista (torres) e a sede do poder bélico (Pentágono).
Passados dez anos da tragédia, fica patente que antes do 11 de Setembro de 2001 os sinais emitidos pelo chefe alqaedista não foram devidamente considerados pelos órgãos de defesa e pelos  007 da inteligência norte-americana. Uma cronologia de etapas marcantes ajuda a mostrar a negligência: a) Em fevereiro de 1993, um furgão-bomba explode na garagem subterrânea do WTC e seis norte-americanos morrem. A CIA relacionou o atentado com a crise balcânica. O certo é que o atentado foi organizado por Ramzi Youssef, ligado a Osama. b) Em agosto de 1995, Bin Laden envia uma carta aberta ao rei saudita solicitando apoio para iniciar uma guerrilha voltada a expulsar os norte-americanos do Golfo. c) Em agosto de 1996, Bin Laden lança uma fatwa (sentença) de expulsão de tropas estrangeiras dos locais sagrados islâmicos. A fatwa foi publicada no jornal Al Quds al Arabi, impresso na Inglaterra-. Em outubro, Bin Laden concede entrevista ao site Al Neda (registrado no Texas e em Cingapura) e ataca verbalmente os EUA e a Grã-Bretanha. Os destemperos são repetidos no canal televisivo inglês Dispatches. Nas duas entrevistas, fala em “-Guerra Santa” para tirar os norte-americanos do Golfo.
E houve mais. Em março de 1997, Bin Laden é entrevistado na Rede CNN, no programa conduzido pelo famoso jornalista Peter Arnet. Ele fala em jihad e infiéis. Em fevereiro de 1998, alqaedistas bombardeiam simultaneamente as embaixadas dos EUA, no Quênia e na Tanzânia. Provocam dezenas de mortes e centenas de feridos, Em maio do mesmo ano, numa entrevista à rede norte-americana ABC, Bin Laden presta homenagem a Ramzi Youssef, executor da explosão em 1993 na garagem do WTC, e avisa: “A América verá muitos outros jovens seguirem o exemplo de Ramzi”. Em outubro de 2000, supervisionado por Bin Laden, um ataque ao destróier US Cole termina com 17 mortes.
No pós 11 de Setembro, Bin Laden torna-se um mito entre os extremistas sauditas, sem nunca empolgar os xiitas, em especial os do Hamas palestino e do Hezbollah libanês. Para ele, os xiitas quebraram a unidade islâmica.
Em carta ao mulá Omar, pouco antes do fatídico ataque às Torres Gêmeas, Bin Laden alertava que a propaganda e a informação representariam 90% das atividades da Al-Qaeda. Diante da reação norte-americana no Afeganistão, o líder terrorista passou a explorar o ciberterror. A rede de telemática alqaedista, conta, até seu assassinato, entre 6 mil e 9 mil sites.
O ciberterror cresceu quando a inteligência financeira norte-americana, incluído o instalado na Tríplice Fronteira sul-americana, logrou secar as principais fontes de financiamento da Al-Qaeda. As infovias de propaganda e de informações geraram a constituição de células espontâneas e os seus integrantes seguiram, como se viu em julho de 1995, em Londres, o mote da Al-Qaeda Central, ou seja, “faça você mesmo”.
A Al-Qaeda virou uma espécie de etiqueta. Isso resultou na mudança de nomes, sem perda de autonomia, de organizações terroristas: “Al-Qaeda do Magreb, Al- Qaeda da Palestina, Al-Qaeda da Líbia” etc.
Com o assassinato de Bin Laden em maio deste ano, o governo Barack Obama investiu na contrapropaganda para passar a imagem de decadência da Al-Qaeda. O certo, no entanto, é que o grupo, depois de disputas sucessórias, quer dar resposta ao assassinato do ex-líder. A sua meta é constituir musculatura a fim de executar ações espetaculares. O seu novo chefão, Al Zawahiri, originário da Irmandade Muçulmana e mais preocupado com o Egito, conta com as chamadas células adormecidas, mas todas estão descapitalizadas. •


Extraído de cartacapital.com.br

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